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terça-feira, 12 de junho de 2012
Exercícios Estilo Revisão - UFU 2012
Exercícios Estilo Revisão
SOCIOLOGIA - SEGUNDA
FASE - UFU
- Leia o trecho abaixo que se refere à origem da sociologia e em seguida responda a questões.
O que merece ser
salientado é que a profundidade das transformações em curso colocava a
sociedade num plano de análise, ou seja, esta passava a se constituir em
“problema”, em “objeto” que deveria ser investigado.
Carlos Benedito
Martins. O que é sociologia. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 14.
Qual a
relação entre o texto e a sociologia positivista?
A Sociologia Positivista que
surgiu na França tinha como tarefa racionalizar uma nova
ordem, encontrando soluções
para o estado
de “desorganização” então
existente.
No início
do século XIX, a Europa, torna-se
visivelmente uma sociedade industrial.
Mas, industrialização
como se sabe não
produz apenas proveitos,
a miséria e o desemprego também são seus frutos. O quadro social que se instaura é dramático,
no qual o desemprego e a fome multiplicam-se, engrossando, assim,
o número de despossuídos, miseráveis e marginalizados. É bastante
comum nessa época,
a utilização intensiva
da força de trabalho
“barato” de mulheres
e crianças, uma desordenada migração do campo para a cidade, gerando problemas
de habitação, de higiene,
aumento das taxas
de alcoolismo, de prostituição
e de mortalidade infantil.
Na França – que
durante o período
revolucionário pôde iniciar
uma política científica
comandada por alguns
matemáticos, físicos e químicos – passava por
um processo bastante turbulento que durou quase
todo o século
XIX. Napoleão Bonaparte, no plano político, contudo,
produziu algumas reformas que
permaneceram e auxuliaram o país a manter seu status econômico
em meio
a guerras e revoltas.
Dentre elas,
a reforma da educação trouxe sua universalização sob
o comando do Estado,
o qual fez espalhar
por todo
o território escolas
primárias e liceus onde
a ciência passou a ter
importância significativa
na formação de crianças
e jovens, principalmente nos
aspectos do comportamento
moral, político
e social.
Determinados pensadores
da época estavam imbuídos da crença
de que para introduzir uma “higiene”
na sociedade, para
“reorganizá-la”, seria necessário fundar
uma nova ciência.
Durkheim, certa vez
disse: “esta ciência (sociologia) surge com
interesses práticos
e não como
que por
encanto”.
A sociologia
positivista, nasce como uma jovem ciência ao assumir como tarefa intelectual repensar o problema da ordem
social, enfatizando a importância das instituições
que segundo
eles desempenham papéis fundamentais na integração
e na coesão da vida
social.
2. Leia o trecho abaixo, em seguida
responda a questão.
“[Para Dürkheim]
(...) a sanção não tem a função de amedrontar ou de dissuadir; seu sentido não
é este. A função do castigo é satisfazer a consciência comum, ferida pelo ato
cometido por um dos membros da coletividade. Ela exige a reparação e o castigo
do culpado é a reparação feita aos sentimentos de todos”.
(Aron,
R. As Etapas do pensamento sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p.
293)
a) A
partir dos conceitos de fato social e consciência coletiva, justifique o trecho
acima.
Durkheim via
o crime e os desvios
de conduta como
fatos sociais;
acreditava que ambos
fossem elementos inevitáveis
e necessários para
a sociedade, preenchendo duas funções
importantes. Primeiramente
o desvio possui uma função
adaptável. Ao introduzir novas
idéias e desafios
a sociedade, o desvio
age como uma força
inovadora, que gera mudanças. Em segundo lugar, o desvio
de conduta promove a manutenção social,
ou melhor,
reforça a consciência
coletiva ao provocar
um sentimento
comum de ódio
contra os transgressores
esclarecendo as normas sociais aceitáveis
para a sociedade.
b) O
trecho faz referência a um estado saudável ou doentio? Justifique.
O trecho faz referência
a um estado saudável também conhecido como normalidade.
A normalidade e a patologia são denominações de Dürkheim para
condições em
que se encontra
a sociedade em
relação ao seu
quadro atual
de regras. Partindo do pressuposto que o respeito
às regras morais
comuns à média
dos indivíduos de uma mesma sociedade é a condição de existência
de corpos sociais,
a normalidade seria, então, representada
pela confirmação
por parte
da população da validade
dessas regras. Em
outras palavras, a manutenção
da crença da sociedade
na justeza dos padrões
morais que
constituem a consciência coletiva corresponde à saúde
social. Dessa forma,
por mais
que atos
odiosos provoquem algum
tipo de trauma
social, o simples
fato de levarem o coletivo
a ratificar a consciência
coletiva, nos
coloca diante de um
fato social
normal. Aliás,
tais atos
só são
odiosos porque
as pessoas preservam seu bom senso e suas noções de justiça.
Já um fato social patológico,
o que não se encontra no trecho, é aquele
que coloca em
risco a vida
da sociedade ao quebrar
seu consenso.
Sua manifestação
é rara e passageira,
produzindo-se em taxas
insuportáveis para
a sociedade. Mas,
ainda assim,
os fatos patológicos
podem ter alguma utilidade,
sobretudo quando
deixam como herança
a imunização da sociedade
contra novas
crises, o reforça
de algumas instituições ou o progresso social.
3.
Diferencie
a concepção de sociedade e o papel do indivíduo para os clássicos da
sociologia.
:: Indivíduo & Sociedade ::
Marx
* Só tem sentido falar em indivíduo dentro de uma classe social.
* A Sociedade é formada por classes sociais. (Infra-estrutura &
Superestrutura).
Durkheim
* Sociedade é o local, no qual um conjunto de fatos sociais se
inter-relacionam como reflexo da consciência coletiva. O todo é mais que a soma
das partes.
* Os Indivíduos nas sociedades complexas possuem maior consciências
individuais, entretanto, são orientados pelas imposições da consciência
coletiva.
Weber
Sociedade: é a concretização das ações sociais, como um conjunto de
motivações históricas que tenha sentido para os indivíduos.
Indivíduo: Orientam suas condutas (ações sociais) por sentidos e
motivos subjetivos. Os indivíduos são responsáveis pela construção da realidade
histórica.
4.
Explicite a diferença e as conseqüências entre a concepção
dos clássicos da sociologia a respeito da divisão do trabalho.
:: A Divisão do Trabalho ::
Marx
* A divisão social do trabalho afasta os indivíduos do conhecimento
total sobre o processo produtivo. A visão fragmentada, decorrente desse
processo, leva o homem a alienação no trabalho produzindo a mais-valia na
esfera da produção e nas relações sociais cotidianas é representada pelo
fetichismo da mercadoria.
Durkheim
* A divisão do trabalho social cria uma forte interdependência entre
os indivíduos aumentando a solidariedade e, assim, a coesão social. Nas
sociedades complexas com alto grau de divisão do trabalho social a
solidariedade é do tipo Orgânica.
Weber
* Mesmo sendo produto da racionalidade humana, a divisão do trabalho
tem como conseqüência direta a burocracia. Construindo relações sociais na legitimidade
da dominação racional-legal.
5.
Como o
conceito de anomia de Dürkheim pode ser aplicado a realidade educacional
brasileira.
A realidade
educacional é um sistema normativo que
fornece as diretrizes para
as condutas socialmente
aceitáveis no tecido social e caso essas
maneiras de ser, pensar e agir imposta pela educação não seja suficiente para
gerar laços de integrados estaríamos numa situação de anomia.
Esses espaços vazios deixado
pelo sistema normativo acabam exacerbando para além do aceitável algo que já é uma característica de sociedades diferenciadas em
grande escala.
É que nelas a margem
de arbítrio individual
aumenta, em
contraste com
as formas de orientação
normativa relativamente fechadas dos grupos menores
e mais simples.
Difícil, claro, é a manutenção
do delicado equilíbrio
entre níveis
de abertura dos sistemas
normativos e sua desarticulação
a ponto de deixar grupos inteiros
de membros da sociedade
à deriva, numa situação
que Durkheim, em
termo um
tanto exacerbado, considerava de ausência de regras,
de "anomia". Por este ângulo
chega-se ao que é provavelmente a vertente mais
explorada do pensamento durkheimiano.
6.
Desenvolva o esquema analítico weberiano conceituando ação
social, sentido, compreensão, motivo, relação social e o tipo ideal.
Esquema
analítico de Weber
Weber definiu-se como sociólogo numa etapa já bastante avançada da
sua carreira. Numa carta ao economista Robert Liefmann:
“se agora sou sociólogo então é essencialmente
para pôr um fim nesse negócio de trabalhar com conceitos coletivos. Em outras
palavras: a Sociologia somente pode ser implementada tomando-se como ponto de
partida a ação do indivíduo ou de um número maior ou menor de indivíduos,
portanto de modo estritamente individualista quanto ao método”.
É claro que a Sociologia trata de fenômenos
coletivos, cuja existência não ocorreria a Weber negar. O que ele sustenta é
que o ponto de partida da análise sociológica só pode ser dado pela ação de
indivíduos e que ela é “individualista” quanto ao método.
Na ausência dos atalhos oferecidos pela
referência direta a entidades coletivas, ele necessita ir construindo passo a
passo um esquema coerente e - internamente consistente que permita ao sociólogo
operar com segurança com conceitos como, por exemplo, o de Estado, sem atribuir
a essa entidade qualquer realidade substantiva fora das ações concretas dos
indivíduos pertinentes.
É isso que ele busca
fazer, sobretudo no seu livro em Economia e sociedade.
Passemos então a uma
reconstrução sumária dos conceitos fundamentais envolvidos nessa obra e da
articulação entre eles. Cumpre, portanto, examinar o esquema analítico
weberiano, o qual possui a seguinte seqüência
conceitual: ação social, sentido, compreensão, agente individual, tipo
ideal, relação social, legitimação e dominação.
I. Sociologia:
Deve-se entender por sociologia: “uma ciência
que pretende compreender interpretativamente a ação social e assim explicá-la
causalmente em seu curso e em seus efeitos” ou ainda, a sociologia compreensiva
procura captar (objetivamente) as ações humanas e seus sentidos.
A
sociologia é uma ciência voltada para a compreensão e para a interpretação das
ações sociais. A Sociologia é basicamente o estudo da ação social orientada
para a conduta dos outros.
II. Ação Social:
É uma modalidade específica da ação, ou seja, é uma conduta humana
(que pode consistir num ato externo ou interno; numa condição ou numa
permissão) em que o próprio agente associa um sentido a sua ação, desde que a
ação seja orientada conforme a conduta dos outros e em consonância com eles. A
“ação social”, portanto, é uma ação em que o sentido indicado por seu sujeito,
refere-se à conduta de outros, orientando-se por esta em seu desenvolvimento.
É toda conduta humana em que o próprio agente associa um sentido a sua
ação, desde que a ação seja orientada conforme a conduta dos outros e em
consonância com eles. Para que isso se
torne inteligível é preciso ver o que Weber entende por “sentido”.
III. Sentido:
Por sentido deve-se entender o sentido subjetivamente visado, isto
é, aquele que se manifesta em ações concretas e que envolve um motivo, o qual é
sustentado pelo agente como fundamento da sua ação.
Cuidado!!! Não se trata, de modo
algum, de um sentido fixo, objetivamente correto.
IV. Motivo:
Observe, o conceito de
“motivo” permite estabelecer uma ponte entre sentido e compreensão. Talvez
fique mais claro...
Existem variados sentidos subjetivamente
visados, dado as diferentes bases culturais em que vivem os diversos
indivíduos, porém, o mais relevante para se atingir a compreensão da realidade
é perceber que há um motivo orientando a ação de todo e qualquer indivíduo.
Saber recuperar o significado desse motivo permite-nos compreender essa ação. A
reconstrução do motivo é fundamental porque, da perspectiva do agente, o motivo
figura como causa da ação.
A preocupação não é com a origem da ação (sentido subjetivamente
visado) e sim com o motivo (fim objetivamente visado pelo agente). O motivo é
fundamento de toda ação social.
[Método Compreensivo]
V. Compreensão:
Em que medida a compreensão é um processo seguro, capaz de
interpretar a realidade?
Com a utilização desse método Weber assume uma postura crítica
frente à sociologia positivista. Ao utilizar o método compreensivo Weber não
pretende reproduzir ou classificar uma ordem objetiva já dada, mas, atribuir
uma interpretação aos aspectos selecionados da realidade que se apresentam à
experiência como múltiplos e infinitos e, portanto, impossíveis de serem
apreendidos fora de uma análise histórica como pretendia Durkheim.
A compreensão do comportamento social atinge tanto intelectualmente
quanto por empatia: Intelectualmente, se o comportamento for racional
(por valor ou por fim), por meio do reconhecimento da lógica dos meios e das
relações; Por empatia, se o comportameno for irracional (tradicional ou
afetivo), por meio da projeção de si próprio na situação e na experiência do
contexto emocional.
VI. Agente Individual:
É a única entidade capaz de conferir sentido às ações sociais. Por
outro lado, os agentes e os sentidos não podem ser incorporados á análise
científica tal como se apresentam uma vez que se mostram como diversificados
processos que se mesclam de todas as maneiras.
Então, por que determinadas práticas se mantêm se os agentes são
múltiplos?
Então,
como os sentidos subjetivamente visados de cada agente são incorporados
à analise cientifica?
VII. Tipo Ideal:
Sem um rigor conceitual
não há ciência digna desse nome.
Foi para solucionar esse problema que Weber
construiu um elemento de orientação na realidade que permite a formulação de
hipóteses, o tipo ideal. Este serviria como guia para o pesquisador, nesse
sentido, o tipo ideal só existe como abstração e não é, e nem pretende ser um
reflexo ou uma repetição da realidade.
VIII. Relação Social:
Pelo fato de existir uma regularidade de condutas de caráter social
precisamos entender o desdobramento do conceito de ação social, o de relação
social, o qual deve ser visto como uma conduta plural (de várias pessoas)
reciprocamente orientada. Lembre-se, não há garantia prévia de ocorrência de
qualquer relação social.
Quando o sentido de uma ação é compartilhado por outro ou outros (tanto
pode ser por apenas dois, em presença direta; quanto por um grande número e sem
contato entre si no momento da ação) temos então, uma Relação Social.
Exemplo:
A amizade é uma relação
social, porque envolve um conteúdo de sentido capaz de orientar regularmente a
ação de cada indivíduo em relação a múltiplos outros possíveis e que portanto
se manifesta sempre que as ações correspondentes são realizadas (por isso mesmo
podemos designar esse conteúdo de sentido pelo termo genérico “amizade”). Claro
que a amizade, como qualquer relação social, não existe senão quando se traduz
em condutas efetivas. E, como não há garantia prévia de que isso se dê, a
ocorrência de qualquer relação social só pode ser pensada em termos de
probabilidade, que será maior ou menor conforme o grau de aceitação do conteúdo
do sentido da ação pelos seus participantes.
IX. Legitimação:
Este é um tipo especial de relação social capaz de permitir o
exercício de certos atos, uma vez preenchidos os requisitos legais. O sentido
de legitimidade é incorporado pelos agentes como uma regra orientadora de suas
condutas na medida em que é aceito como legítimo.
X. Dominação:
Toda relação autêntica de
dominação sobre uma pluralidade de homens requer um certo mínimo de vontade de
obedecer, isto é, uma relação provável de obediência por parte dos dominados.
Para ter sucesso nesta operação é essencial que os dominantes possuam
legitimidade frente aos dominados, ou seja, todos dominantes procuram despertar
e cultivar a crença em sua legitimidade.
7.
Como Weber caracteriza o tipo
ideal de espírito capitalista? Como esse espírito foi desenvolvido pela ética
protestante?
The Protestant Ethic and the Spirit of
Capitalism
É o livro mais famoso e polêmico de Max Weber. Nele, Weber apontou
a influência das idéias religiosas sobre a conduta dos homens e contestou a
tese marxista de que a consciência do indivíduo é determinada por sua classe
social.
A ética protestante e o
“espírito” do capitalismo aborda temas de fundamental importância para
compreendermos como se formou a civilização ocidental moderna. No início da
obra o autor investiga os princípios éticos que estão na base do capitalismo,
constituindo o que ele denomina “espírito”.
Weber procura saber porque nos países de confissão protestante há
um maior desenvolvimento capitalista bem como uma maior proporção de
protestantes entre os proprietários do capital, empresários e integrantes das
camadas superiores de mão-de-obra qualificada.
Veja o que Weber escreveu no primeiro parágrafo do seu livro: “Basta uma vista de olhos pelas estatísticas
ocupacionais de um país de composição religiosa mista, para constatar a notável
freqüência de um fenômeno que já tem provocado repetidas discussões na imprensa
e na literatura católicas bem como nos congressos católicos da Alemanha: o fato
de os líderes do mundo dos negócios e proprietários do capital, assim como os
níveis mais altos de mão-de-obra qualificada, serem preponderantemente
protestantes”.
A partir dessa afirmação, Weber coloca uma série de hipóteses
referentes a fatores que poderiam explicar o fato. E descobre que valores do
protestantismo — como a disciplina ascética, a poupança, a austeridade, a
vocação, o dever e a propensão ao trabalho — atuavam de maneira decisiva sobre
os indivíduos.
Família
No seio das famílias protestantes, os filhos eram criados para o
ensino especializado e para o trabalho fabril, optando sempre por atividades
mais adequadas à obtenção do lucro, preferindo o cálculo e os estudos técnicos
ao estudo humanístico, Weber mostra a formação de uma nova mentalidade, um ethos
propício ao capitalismo, em flagrante oposição ao “alheamento” e à
atitude contemplativa do catolicismo.
Trabalho árduo
O homem deve trabalhar bem em sua ocupação remunerada não apenas
porque tem de fazê-lo, mas porque o deseja; é um sinal de sua virtude e uma
fonte de satisfação pessoal: “É uma obrigação que o indivíduo deve se sentir e
efetivamente sente com relação ao conteúdo de sua atividade ocupacional, não
importa em que consiste ela”.
O linguajar norte-americano reflete esse sentido de obrigação na
expressão: “o que quer que valha a pena fazer, vale a pena fazer bem feito”.
Essa expressão representa o moderno “espírito do capitalismo”.
Fazendo um Link
Lutero
Para Martin Lutero (1483-1546), trabalhar seria a tarefa confiada por Deus aos homens e a riqueza, uma graça concedida àqueles que trabalham arduamente. Segundo Lutero, o homem deveria encontrar uma vocação profissional, estabelecer vínculos sociais e não se abandonar à vida contemplativa, como os inúteis monges católicos. Weber, citando Lutero, diz que a valorização moral da vida profissional foi uma das ''mais difíceis tarefas a serem cumpridas pela Reforma''.
Para Martin Lutero (1483-1546), trabalhar seria a tarefa confiada por Deus aos homens e a riqueza, uma graça concedida àqueles que trabalham arduamente. Segundo Lutero, o homem deveria encontrar uma vocação profissional, estabelecer vínculos sociais e não se abandonar à vida contemplativa, como os inúteis monges católicos. Weber, citando Lutero, diz que a valorização moral da vida profissional foi uma das ''mais difíceis tarefas a serem cumpridas pela Reforma''.
Calvino
Johannes Calvino (1509-1564) reformulou a teoria
da predestinação como explicação para a vida terrena. Segundo Calvino, Deus, em
sua infinita sabedoria, já escolhera aqueles destinados ao céu e os condenados
ao inferno. O escolhido, assim como o condenado, em nada se distinguia. Porém,
os escolhidos possuíam no sucesso profissional e no enriquecimento o sinal para
a vida eterna e estariam, assim, condenados a viver para o trabalho.
Protestantismo
Com o objetivo de relacionar as idéias religiosas fundamentais do
protestantismo com as máximas da vida econômica capitalista, Weber analisa
alguns pontos fundamentais da ética calvinista, como a afirmação de que “o
trabalho constitui, antes de mais nada, a própria finalidade da vida”.
Muito mais que Lutero, Calvino levou ao extremo a noção de que o
homem é salvo por desígnio insondável de Deus. Assim, nenhum homem mereceria a
graça da salvação porque ninguém seria digno dela. Ora, a salvação não
existiria para a felicidade humana, mas somente para a glória de Deus. Dessa
forma, o Calvinismo teria surgido inteiramente impregnado da idéia de
mesquinhez e de pobreza total do homem perante Deus.
Predestinação
Segundo Weber, a solidão espiritual e a incerteza da salvação
pessoal eram dificilmente suportáveis para a grande massa dos fiéis. A
aceitação da predestinação exigia a máxima pureza no amor a Deus e uma fé sem
limites. Portanto, concluiu Weber, era normal que os calvinistas tirassem uma lição
teológica e moral mais aceitável da sua doutrina. Desse modo, por um paradoxo
apenas aparente, a doutrina de Calvino, centrada sobre a glória de Deus e
sobre-a graça da salvação, empenharia o crente na atividade temporal e
econômica com mais vigor do que qualquer outra crença ou religião.
Com efeito, se o fiel não podia saber se seria eleito ou condenado,
pelo menos estava certo de que Deus não haveria de escolher os eleitos entre os
que pecavam. Conseqüentemente, excluía de sua vida qualquer forma de fraqueza
humana. Voltava sua conduta para a
dignidade, o autodomínio, a seriedade, pois não contava com os
sacramentos nem com a acumulação de boas obras para se salvar. O fiel
calvinista estava convencido de que todo aquele que praticasse esse tipo de ascetismo
durante toda a vida, se não chegasse a alcançar a salvação, poderia pelo menos
ganhar certa convicção de que acabaria por ser salvo. Por outro lado, não
agindo dessa maneira poderia deixar de lado qualquer esperança de salvação.
Ascetismo – desvalorização
dos prazeres mundanos e carnais!!!
Em verdade, o ascetismo moral conduzia à obrigação do trabalho como
a conduta ética oposta à preguiça, à ociosidade e à leseira, comportamentos
considerados pecados graves por negarem a edificação ao Reino de Deus. Ora,
todos os crentes deveriam contribuir para a edificação do Reino de Deus,
desempenhando sempre suas funções com seriedade e eficácia. Mas, para
contribuírem para “maior glória de Deus”, o trabalho não podia ser realizado
como uma tarefa qualquer teria que ser bem feito e efetivamente produtivo, ou
seja, que servisse para fins úteis. E mais: devia ser contínuo.
O calvinista fiel a sua crença deveria evitar o luxo e a avareza,
não deveria ser esbanjador nem distribuir em partes aquilo que ganhar (pão duro!), mas, empregar suas riquezas
em novas atividades produtivas. A doutrina de Calvino considera o homem apenas
administrador dos bens deste mundo; um administrador que, segundo as
Escrituras, deve fazer que os bens do mundo (“o Reino de Deus”) dêem frutos.
Calvinismo
Por fim, segundo o Calvinismo a ciência, especialmente a ciência
experimental, era uma forma de conhecer as obras de Deus. Todo crente devia ter
instrução suficiente para ler a Palavra de Deus. E, sempre que fosse possível,
devia também se instruir no campo das ciências naturais, pois estas revelavam a
grandeza e a sabedoria de Deus através de suas obras. Tais revelações eram
revestidas de grande importância porque, conhecendo as obras de Deus, o
calvinista as devia aplicar em seu próprio trabalho, a fim de torná-lo ainda
mais eficaz e útil.
Ora, esse ascetismo ético acarretaria conseqüências práticas de
grande relevo. Os moralistas puritanos desconfiavam do efeito danoso do
dinheiro, mas seus preceitos empenhavam os fiéis numa vida de trabalho e de
poupança que os faziam enriquecer progressivamente. O enriquecimento se fazia
dentro dos limites de uma conduta que rejeitava toda forma de pensamento mágico
e sublinhava a importância do autocontrole. Paralelamente, o conhecimento
científico e a atitude aberta ante a pesquisa experimental predispunham os
fiéis à “organização racional da vida, do trabalho e de todos os
empreendimentos”.
Comportando-se dessa forma o Calvinismo coloca-se em situação
diametralmente oposta à da vida feudal, em que reinava a prodigalidade e a
preguiça. Sua identidade manifestou-se por um perfil muito próximo do exibido
pela mentalidade do empresário e do burguês negociante. Em conseqüência, os
locais em que o Calvinismo se enraizava logo registravam intensa atividade econômica,
de tipo capitalista.
8.
Conceitue
poder e dominação, procurando explicar e diferenciar os tipos puros de
dominação.
Uma das questões colocadas à
Sociologia é a que
se refere à persistência das relações sociais.
O que pode levar
a que o conteúdo
dessas relações ou
elas próprias se mantenham? Dito de outro modo, o que faz
com que
os indivíduos dêem às suas ações um sentido determinado que
perdure com regularidade no tempo e no espaço?
Qual é a base
da regularidade nas ações das pessoas se o que
lhes dá sentido
não é uma instituição
abstrata?
Uma vez que
Weber entende que o social
constrói-se a partir das ações
individuais, cria-se um problema teórico: como é
possível a continuidade da vida social? A resposta para tais questões
encontra-se no fundamento da organização social,
chave do verdadeiro
problema sociológico: a dominação ou a produção da legitimidade,
da submissão de um
grupo a um
mandato. É fundamental
então distinguir
os conceitos de poder
e dominação.
“PODER
significa a probabilidade de impor a própria vontade dentro
de uma relação social,
mesmo contra
toda a resistência
e qualquer que
seja o fundamento desta resistência”.
“DOMINAÇÃO
é a probabilidade de encontrar
obediência a uma ordem
de determinado conteúdo,
entre determinadas pessoas
indicáveis.”
O conceito de poder é, do ponto
de vista sociológico, amorfo já que “significa a probabilidade
de impor a própria
vontade dentro
de uma relação social,
mesmo contra
toda a resistência
e qualquer que
seja o fundamento dessa probabilidade”. Portanto,
não se limita a nenhuma circunstância
social específica,
dado que
a imposição da vontade
de alguém pode ocorrer
em inúmeras situações.
A probabilidade de encontrar obediência
dentro de um
grupo a um
certo mandato
toma os conceitos
de dominação
e de autoridade de interesse
para a Sociologia
já que
possibilitam a explicação da regularidade do conteúdo
de ações e das relações
sociais.
No outro pólo da relação
de DOMINAÇÃO, há o sujeito
sob quem
pesa o poder
e que nele reside uma certa probabilidade
de obediência ou
aceitação do poder.
Pode-se dizer, nesta matriz
do pensamento social,
que a dominação
que se estabelece entre
os indivíduos, em
suas relações
sociais, é legitima porque
é, de alguma forma, aceita. Para
que uma tal
relação de dominação
possa perdurar no tempo
“é mister que
os homens dominados se submetam à autoridade dos que
dominam em cada
caso. Quando
e porque o façam, só
se pode compreender quando
se conhecem os motivos internos de justificação
e os meios externos
nos quais
a dominação se apóia”.
A dominação é sempre resultado
de uma relação social
de poder desigual,
em que
se perceba a existência de um lado que comanda
(domina) e outro que
obedece. As relações de dominação dentro
de uma sociedade se caracterizam por buscar formas de legitimação,
de serem reconhecidas como necessárias para a manutenção da ordem social.
Weber elabora “três tipos puros de dominação legítima”,
que são
classificados como
puros porque
só podem ser
encontrados isolados no nível da teoria. Quando
observados em exemplos
concretos apresentam-se combinadamente.
Três tipos
puros de dominação
legítima: a legal,
a tradicional e a carismática.
Dominação tradicional: “ontem
eterno”
A dominação tradicional se
especifica por encontrar
legitimidade na validade
das ordenações e poderes
de mando herdados pela
tradição. Os que
exercem a dominação estão determinados pela
tradição, pela
autoridade do ontem
eterno. Os dominados não são membros de uma associação,
mas companheiros
ou súditos
do senhor. Pode haver ou não quadro administrativo.
As relações do quadro
administrativo (quando
existe um) com
o soberano não
são determinadas pelo
dever do cargo, mas pela fidelidade pessoal.
Não se obedece a uma ordem estatuída, mas
à pessoa delegada
pela tradição.
As ordens são
legitimas em parte
pela força
da tradição, em
parte pelo arbítrio do soberano
em interpretar
essa tradição.
em virtude
da crença na santidade
das ordenações e dos poderes senhoriais
de há muito existentes. Seu tipo mais puro é o
da dominação patriarca.
A associação dominante
é de caráter comunitário.
O tipo daquele que
ordena é o ‘senhor’ e os que
obedecem são ‘súditos’,
enquanto que
o quadro administrativo
é formado por ‘servidores’.
Obedece-se à pessoa em
virtude de sua
dignidade própria
santificada pela tradição:
por fidelidade.
O conteúdo das ordens
está fixado pela tradição,
cuja violação
desconsiderada por parte
do senhor poria em
perigo a legitimidade
do seu próprio
domínio, que
repousa exclusivamente na santidade delas.
Dominação carismática:
“dom da graça”
A dominação carismática se especifica por
encontrar legitimidade
no fato de que
a obediência dos dominados é uma obediência ao carisma
e ao seu portador.
Carisma é a qualidade
extraordinária de uma personalidade considerada sobrenatural,
sobre-humana ou
mágica. A obediência
é obediência ao líder
enquanto portador
de carisma. A administração
se dá sem qualquer
quadro racional,
sem regras
fixas, hierarquia ou
competências. Simplesmente
o chefe carismático
cria ou
anuncia novos mandamentos
(direitos, normas,
punições, etc) pela
“revelação” ou
por sua
vontade de organização.
em virtude
de devoção afetiva
à pessoa do senhor e a seus dotes sobrenaturais (carisma)
e, particularmente: a faculdades mágicas,
revelações ou
heroísmo, poder intelectual ou
de oratória. O sempre
novo, o extracotidiano, o inaudito
e o arrebatamento emotivo que provocam constituem aqui
a fonte de devoção
pessoal. Seus
tipos mais
puros são
a dominação do profeta,
do herói guerreiro
e do grande demagogo.
O tipo que
manda é o líder.
O tipo que
obedece é o ‘apóstolo’. Obedece-se exclusivamente à pessoa do líder por suas qualidades
excepcionais e não
em virtude
de sua posição
estatuída ou de sua
dignidade tradicional; e, portanto, também
somente enquanto
essas qualidades lhe
são atribuídas, ou
seja, enquanto seu
carisma subsiste. Por
outro lado,
quando é ‘abandonado’ pelo
seu deus
ou quando
decaem a sua força
heróica ou
a fé dos que
crêem em suas
qualidades de líder,
então seu
domínio também
se torna caduco.
O quadro administrativo é escolhido segundo
carisma e vocação
pessoais, e não
devido à sua
qualificação profissional (como o funcionário),
á sua posição
(como no quadro
administrativo estamental) ou à sua dependência pessoal,
de caráter doméstico
ou outro
(como é o caso
do quadro administrativo
patriarcal). Falta
aqui o conceito
racional de ‘competência’
assim como
o estamental de ‘privilégio’. São exclusivamente
determinantes da extensão
da legitimidade do sequaz
designado ou do apóstolo
a missão do senhor
e sua qualificação carismática
pessoal.
A administração - na medida em que assim se
possa dizer - carece de qualquer
orientação dada
por regras,
sejam elas estatuídas ou tradicionais. São
características dela, sobretudo,
a revelação ou
a criação momentâneas, a ação
e o exemplo, as decisões
particulares, ou
seja, em qualquer
caso - medido com
a escala das relações
estatuídas - o irracional.”
Dominação racional-legal: burocratização
A dominação racional-legal
se especifica por encontrar
legitimidade no direito
estatuído de modo racional,
com pretensão
de ser respeitado pelos
membros da associação.
O direito racional
é um conjunto
abstrato de regras
a serem aplicadas em casos concretos.
A administração racional
supõe cuidar dos interesses
da associação, nos
limites da lei.
O soberano está sujeito
á lei. Há uma ordem
de caráter impessoal.
Quem obedece, não
obedece à pessoa do soberano,
mas obedece ao direito
e o faz como membro
da associação.
Das três formas de dominação,
aquela que apresenta um caráter racional ou
planejado é a legal. Ela se expressa
em qualquer
ambiente em
que algum
sujeito ocupa uma posição
de destaque em
virtude de sua
competência comprovada e testada por algum concurso. O aprovado recebe do estatuto
o direito de impor
sua vontade
a outros que,
ocupando posições de menos status,
acatam regularmente as orientações hierarquicamente dadas.
A racionalidade se externa tanto
no processo de montagem
da hierarquia (através
de critérios objetivos
se premia o concursado, sem pesar qualquer laço afetivo ou familiar, típico
do comportamento corrupto)
quanto no estabelecimento
das funções (visto
que os melhores
ocuparam os cargos a que tem competência).
E há, para Weber, uma tendência
à racionalização das ações, relações e formas
de dominação sociais.
Isto se deve ao processo
inaugurado pela ética
protestante que,
ao vincular a salvação religiosa
com o sucesso
econômico, estabeleceu critérios objetivos
em que
os fiéis devem se guiar para
alcançar o reino
dos céus. Por
isso, no longo
prazo, as formas
de dominação carismática
e tradicional, tendem a ser substituídas pela forma legal. O exercício
da autoridade racional
depende de um quadro
administrativo hierarquizado
e profissional, “separado” do poder de controle sobre os meios
de administração. Por
força da tendência
à racionalização, as profissões públicas
ou privadas
deixariam, gradativamente, outras influências como
a amizade e a parentela, para
se guiarem por objetivos
claros e previamente definidos. A isto
Weber á o nome de burocracia.
A administração racional
se caracteriza, tipicamente, pela existência de uma burocracia.
“O tipo
ideal do burocrata
seria o indivíduo que
age em cooperação
com outros, cujo oficio é separado de sua vicia familiar e pessoal,
regulamentado por mandatos e pela exigência
de competência, conhecimento e perícia. A organização
burocrática é hierárquica,
e o recrutamento e a ascensão se dão com base em concursos e outros critérios
objetivos. A burocracia
organiza a dominação racional-legal por meio de uma
incomparável superioridade
técnica que
garante precisão, velocidade,
clareza, unidade,
especialização de funções, redução de atrito,
dos custos de material
e pessoal etc”.
Por isso,
deixam de existir nos
negócios: “o amor,
o ódio e todos
os elementos sensíveis
puramente pessoais,
todos os elementos
irracionais que
fogem ao cálculo”.
Em regime
de concorrência e submetidos a testes de comprovação de competência, os indivíduos
vivem um processo
intenso de seleção.
Cujos critérios
não se aproximam da aptidão
biológica do darwinismo social, mas são sociais e historicamente construídos. Estamos diante, no mundo
capitalista, de um
processo de seleção
social.
É neste ambiente que se insere o Estado
moderno para
Weber. Ele representaria um conjunto de instituições cuja
carne seria essencialmente
burocrática. Aparelhos
produtores de políticas
públicas calcadas em projetos e atos
previamente planejados sob o limite de uma legislação
que determinaria a cada
funcionário e instituição
seu papel. Um aparato
institucional responsável por regular as relações sociais,
que utiliza para
tanto o monopólio
da norma jurídica
(ou a capacidade
absolutamente sua
de formular, alterar e retirar leis) e
monopólio da violência.
O Estado é o único agente cuja violência
é admitida legalmente. Ele retira da sociedade civil o direito de usá-la sem
sua conivência,
destinando para alguns
momentos especiais
esta possibilidade, mas em última instância ele é
o guardião da lei
e da violência. Invasão
de propriedade e limitação
das liberdades individuais
só podem ser
realizadas por oficiais
do Estado (policiais),
legalmente amparados, que exercerão sobre
os cidadãos comuns
a dominação legal.
9.
Defina o
que é Estado Moderno para os clássicos da sociologia.
::O ESTADO::
Marx
* O Estado é a representação da classe dominante. Um instrumento criado
pela Burguesia.
Durkheim
* O Estado é a representação da consciência coletiva.
* É a instituição da disciplina moral que vai orientar a conduta dos
homens.
Weber
* Por Estado se deve entender uma empresa institucional de caráter
político, na qual - e na medida em que - o aparelho administrativo consegue
monopolizar a coerção física legítima, em vista do comprimento da lei.
* Para que os dominados obedeçam é necessário que os detentores do
poder possuam uma autoridade reconhecida como legítima.
10.
Disserte sobre o conceito de desencantamento do mundo para
Max Weber e estabeleça a relação com o comportamento brasileiro.
Se pudéssemos compreender toda a complexidade
weberiana em uma única idéia, esta seria sem sombra de dúvida: a racionalidade.
Weber entendeu que o fenômeno da racionalidade
era de fundamental importância para a compreensão do mundo moderno, definindo-o
como fundamento principal do modo de vida da sociedade ocidental contemporânea,
visto que, em nenhum outro lugar a ciência buscou o controle do conhecimento de
forma tão racional, sistemática e especializada.
Weber vê a
racionalidade aplicada a todas as esferas da sociedade moderna, por exemplo: na
economia; a qual é utilizada pelos empresários no processo de
produção das técnicas de gestão (racionais); na ciência, com os progressos das
descobertas, que fazem recuar as interpretações mágicas ou religiosas do mundo.
Assim, percebe a racionalização como fonte de desencantamento do mundo.
Assinala que a racionalização e a intelectualização despojou do mundo o
encantado por deuses e seres mágicos e deu no lugar um mundo racionalizado e
material, guiado pela ciência.
- O trabalhador e o aventureiro são tipos ideais. É uma metodologia sociológica para desvendar a mentalidade, a essência do brasileiro. São tipos sócio-psicológicos com éticas distintas. Entre esses dois tipos não há oposição absoluta ou incompreensão radical. Só existem no mundo das idéias, não são encontrados em estado puro. São extensões supraindividuais.
- O aventureiro (Ibérico) é o homem do espaço e seus valores, como a audácia, a imprevisão, a irresponsabilidade, a instabilidade e a vagabundagem correspondem a uma concepção espacial do mundo.
- O trabalhador (Europeu do Norte) valoriza a estabilidade, a paz, a segurança pessoal, o esforço sem perspectiva de proveito material imediato, com uma concepção temporal do mundo.
- Trabalhador tem o ethos capitalista, oriundo da ética protestante.
>> A ética
protestante se peculiariza por exaltar o "trabalho" como um meio de
aproximação do homem para com Deus. Além disso, a vocação para o trabalho
secular é vista como expressão de amor ao próximo.
>> É aquele que
enxerga primeiro a dificuldade a vencer, não
o triunfo a alcançar.
- Aventureiro é fruto da ética católica.
>>
“Seu ideal será colher os frutos sem plantar a árvore”
>>
“Esse tipo humano ignora fronteiras”
>>
Recompensa imediata.
- O aventureiro se caracteriza pela audácia, instabilidade e imprudência e imediatismo (capitalismo não racional).
§
A ausência da moral do trabalho se ajustaria bem a uma reduzida
capacidade de organização social. Nesse sentido, no contexto político
brasileiro só foi possível se pensar num princípio unificador através de
governos fortemente centralizados.
§
O gosto pela aventura foi o elemento orquestrador de nossa
colonização, apesar de ser a nossa fraqueza. Adaptabilidade do português às
condições e costumes locais. Plasticidade social: ausência de orgulho de raça.
Dissonâncias raciais, morais e sociais mais acolhidas.
§
Personalismo: ausência de racionalismo.
§
Ligações pessoa a pessoa são os mais decisivos. >>
centralidade da célula familiar.
§
Autoridade tradicional, consagrada pelo costume e pela opinião
(modelo weberiano).
§
Singularidade brasileira: acentuação do afetivo, do irracional, do
passional. Estagnação ou atrofia das qualidades ordenadoras, disciplinadoras,
racionalizadoras. (Ex.: coronelismo).
Esse aventureiro despertou o que o Sérgio Buarque de Holanda chamou
de “homem Cordial” que pode ser sintetizado QUATRO características do tipo
ideal:
a.
Possui enorme aversão ao ritualismo social, ao
formalismo, ao cumprimento rigoroso dos horários e às regras muito rígidas.
Prefere negociá-las, atravessá-las e remoldá-las.
b.
Usa com freqüência o diminutivo em seu
vocabulário para conseguir familiaridade ou proximidade.
c.
Sendo assim, demonstra seu horror à distância,
preferindo o calor humano. Isso pode ser ilustrado pela resistência em chamar
seus pares pelo sobrenome. Com efeito, seu horror às distâncias encaixa-se
perfeitamente pela obsessão pela “amizade”.
d.
Por fim, mergulha, com regularidade, numa
religiosidade de superfície, sem conhecimento adequado do dogma, dos escrito,
da liturgia. Portanto, prefere a pompa do cerimonial ao seu sentido.
11.
Explicite
o método materialista histórico e dialético de Karl Marx.
Marx inverte o processo do senso comum que pretende explicar a história pela ação dos "grandes homens", ou, às vezes, até pela intervenção divina. Para o marxismo, no lugar das idéias, estão os fatos materiais; no lugar dos heróis, a luta de classes.
Em outras palavras, o que Marx explicitou foi que, embora possamos tentar compreender e definir o homem pela consciência, pela linguagem, pela religião, o que fundamentalmente o caracteriza é a forma pela qual reproduz suas condições de existência.
Portanto, para Marx, a sociedade se estrutura em níveis.
O primeiro nível, chamado de infra-estrutura, constitui a base econômica (que é determinante, segundo a concepção materialista). Engloba as relações do homem com a natureza, no esforço de produzir a própria existência, e as relações dos homens entre si. Ou seja, as relações entre os proprietários e não-proprietários, e entre os não-proprietários e os meios e objetos do trabalho.
O segundo nível, político-ideológico, é chamado de superestrutura. É constituído:
- pela estrutura jurídico-política representada pelo Estado e pelo direito: segundo Marx, a relação de exploração de classe no nível econômico repercute na relação de dominação política, estando o Estado a serviço da classe dominante.
- pela estrutura ideológica referente às formas da consciência social, tais como a religião, as leis, a educação, a literatura, a filosofia, a ciência, a arte etc. Também nesse caso ocorre a sujeição ideológica da classe dominada, cuja cultura e modo de vida reflete as idéias e os valores da classe dominante.
A moral medieval valoriza a coragem e a ociosidade da nobreza ocupada com a guerra, bem como a fidelidade, que é a base do sistema de suserania e vassalagem; do ponto de vista do direito, num mundo cuja riqueza é a posse de terras, considera-se ilegal (e imoral) o empréstimo a juros. Já na Idade Moderna, com o advento da burguesia, o trabalho é valorizado e, consequentemente, critica-se a ociosidade; também ocorre a legalização do sistema bancário, o que exige a revisão das restrições morais aos empréstimos. A religião protestante confirma os novos valores por meio a doutrina da predestinação, considerando o enriquecimento um sinal da escolha divina.
Conforme os exemplos, as manifestações das superestrutura (no caso, moral e direito) são determinadas pelas alterações da infra-estrutura decorrentes da passagem econômica do sistema feudal para o capitalista.
Portanto, para estudar a sociedade não se deve, segundo Marx, partir do que os homens dizem, imaginam ou pensam, e sim da forma como produzem os bens materiais necessários á sua vida. Analisando o contato que os homens estabelecem com a natureza para transformá-la por meio do trabalho e as relações entre si é que se descobre como eles produzem sua vida e suas idéias.
No entanto, essas determinações não podem nos fazer esquecer do caráter dialético de toda determinação: ao tomar conhecimento das contradições, o homem pode agir ativamente sobre aquilo que o determina.
A práxis - Ao analisar o ser social do homem, Marx desenvolve uma nova antropologia, segundo a qual não existe uma "natureza humana" idêntica em todo tempo e lugar. Para ele, o existir humano decorre do agir, pois o homem se autoproduz à medida que transforma a natureza pelo trabalho. Sendo o trabalho uma ação coletiva, a condição humana depende da sua existência social. Por outro lado, o trabalho é um projeto humano e como tal depende da consciência que antecipa a ação pelo pensamento. Com isto se estabelece a dialética homem-natureza e pensar-agir.
Marx chama de práxis à ação humana de transformar a realidade. Nesse sentido, o conceito de práxis não se identifica propriamente com a prática, mas significa a união dialética da teoria e da prática. Isto é, ao mesmo tempo que a consciência é determinada pelo modo como os homens produzem a sua existência, também a ação humana é projetada, refletida, consciente.
Por isso a filosofia marxista é também conhecida como filosofia da práxis.
12.
Leia a frase e faça o que se pede: “A depreciação do mundo dos homens
aumenta em
razão direta
da valorização do mundo das coisas.” (Manuscritos Econômicos
e Filosóficos)
Utilize o
instrumental marxiano para estabelecer a relação entre Divisão do trabalho,
alienação, mais-valia e Fetiche.
I. A Origem Histórica
do Capitalismo
Historicamente a capitalismo se funda
graças a um
longo processo
de ACUMULAÇÃO PRIMITIVA
DE CAPITAIS que
concentrou nas mãos da burguesia a propriedade
privada dos meios
de produção (terras,
máquinas, ferramentas).
Nas cidades, o artesanato
gradativamente foi perdendo força frente às
unidades manufatureiras e, posteriormente, maquinofatureiras; e a agricultura
totalmente reformulada a partir
dos interesses capitalistas
acabou por suplantar
definitivamente as relações
feudais de produção. Tudo
isso provocou a liberação
de uma incomensurável massa do despossuídos, que
só podiam encontrar
na venda da sua
torça de trabalho sua
única fonte
de sobrevivência. Surgia assim a relação
social de produção
característica do capitalismo:
o assalariamento (burgueses X proletários).
II.O Salário
Ao vender
sua força
do trabalho, o operário recebe
em troca
uma certa remuneração
na forma de SALÁRIO
que será suficiente
para reproduzir as condições básicas de sobrevivência
do trabalhador. Por
conta disso pode-se afirmar
que a força
de trabalho (capacidade
de realizar trabalho)
transforma-se, no capitalismo, em
uma MERCADORIA como outra qualquer.
III.
Trabalho, Valor e Lucro
Muito embora
a força do trabalho
seja considerada uma mercadoria, ela se destaca das demais,
pois, ao ser consumida cria, gera um valor superior
ao seu. Imaginemos o ambiente fabril
em que
o capitalista invista certa quantidade de dinheiro/capital (D)
comprando algumas mercadorias (M) (como matérias-primas, máquinas
e força de trabalho).
Quando iniciamos a produção
(P) novas mercadorias
serão criadas (M’) vendidas e transformadas
em dinheiro
(D’), de modo que
a processo de produção
possa assim ser
resumido:
D – M – P
– M’ – D’
Sabemos que D’ > D. Se o trabalho
humano é a ÚNICA
mercadoria capaz
de criar novos
valores, seguramente
originou dele a diferença entre D e D’. Essa diferença
entre o que
foi produzido pelo operário
e o que foi remunerado a ele na forma de salário chamamos MAIS
VALIA.
IV. Mais-Valia
Em uma determinada jornada
do trabalho, parte
dela o operário cria
valores correspondentes
ao seu montante
do salário e o restante é apropriado pelo capitalista na forma de MAIS-VALIA. A mais-valia, prova da exploração capitalista sobre
o proletariado, pode ser
dilatada de duas formas:
a) Aumentando a jornada de trabalho
* Mais-valia
ABSOLUTA
b) Introduzindo novas tecnologias
* Mais-valia
RELATIVA
A primeira
limita-se na resistência do operário
para suportar longas jornadas, enquanto
a segunda lança
o embrião da CRISE
DE SUPERPRODUÇÃO.
V. Alienação
Historicamente o capitalismo ALIENOU, separou a trabalhador
dos seus meios
de produção, impondo um
trabalho especializado em
um ambiente
de acentuada divisão social
do trabalho. O homem
não consegue reconhecer-se enquanto produtor
de toda a riqueza,
nem tampouco
enquanto classe
social iludindo-se com
o estado e com
a democracia burguesa.
O combate
à alienação se faz com
a PRÁXIS, uma prática
criativa, crítica
e transformadora no sentido de construir uma sociedade igualitária, justa
socialmente.
VI. Fetiche da Mercadoria
Qual o mistério
da Mercadoria?
O mistério
da mercadoria é encobrir
as características sociais
do trabalho, ela
pronta e acabada
não deixa
passar a imagem
de que é produto
do trabalho humano.
Adquirindo, então, um
caráter fantasmagórico.
Para entender
essa imagem é preciso
compreender o que
Marx chama de fetichismo
da mercadoria. Grosso
modo, fetichismo
da mercadoria seria o fato de as pessoas,
no sistema capitalista,
se conhecerem e se relacionarem por intermédio das mercadorias.
A maioria
das pessoas com
as quais nos
relacionamos são parte
do processo de circulação
das mercadorias. Podemos conhecer
o fulano do açougue
em frente,
mas, primeiramente,
o conhecemos como vendedor
da mercadoria carne.
Lembramos do sicrano da padaria da esquina,
antes de tudo,
como o vendedor
de pão. Ou o beltrano porteiro
da escola. Quanto
a nossos amigos,
conhecemos muitos deles porque vendem ou
vendiam sua força
de trabalho na mesma
fábrica, banco,
escola, etc. em
que vendemos ou
vendíamos a nossa força
de trabalho. Desse modo,
se o açougue fechar
ou um
colega for demitido, as chances de perdemos contatos
com quem
tínhamos relações de amizade são grandes. Esta é a realidade
social em
que vivemos, gostemos ou não.
A mercadoria
não exerce mas
aquele papel
de intermediadora na relações entre seres humanos (pessoa-mercadoria-pessoa), agora ela ocupa
os pólos (mercadoria-pessoa-mercadoria).
Veja como isso
se dá!!
Se chegar à casa de um amigo de ônibus, meu valor é inferior ao de quem
chega de BMW. Isso
vale para a camisa que visto ou o relógio que trago no pulso.
Não sou eu,
pessoa humana,
que faço uso
do objeto. É o produto,
revestido de fetiche, que me imprime valor, aumentando a minha
cotação no mercado
das relações sociais.
O que faria um
Descartes neoliberal proclamar:
"Consumo, logo
existo".
Se as mercadorias é que
são as ligações
entre nós,
são elas
que estabelecem relações
entre si,
em outras palavras,
as mercadorias possuem vida social e não nós. É essa
inversão que
Marx chama de Fetichismo.
O mecanismo
do fetichismo da mercadoria
transforma as relações humanas em elos entre coisas.
Acontece que hoje
são as próprias coisas,
no caso os produtos,
que se referem a marcas
e ganham identidade própria.
Não basta
tomar refrigerante,
tem que ser
Coca-Cola, não basta
fumar, tem que
ser Marlboro, como
não basta
comer hambúrguer, tem que ser McDonald's. Assim, a imagem
torna-se a forma final
da mercadoria.
13.
Existe
uma clara tendência nas últimas duas décadas do século XX que ronda o mundo do
trabalho. A flexibilização das relações trabalhistas admite até a redução das
jornadas de trabalho, proposta essa inaugurada com o movimento operário no
século passado, que passa hoje a ser bandeira da burguesia. Diante dessa
situação, faça uma análise marxista da questão e responda:
Não seria uma contradição estarmos reduzindo a jornada e a
lucratividade não ser drasticamente afetada?
Aparentemente sim,
no entanto Marx já
nos avisara que
a mais valia
poderia ser
ampliada de duas maneira, ora aumentando a jornada
de trabalho, ora
introduzindo inovações tecnológicas, no segundo caso
teríamos a representação da mais valia relativa o que seguramente pode garantir
rentabilidade ao capitalista mesmo que
tenhamos redução da jornada de trabalho, afinal de contas a quantidade de trabalho socialmente necessária para produzir mercadorias
é cada vez
menor em
função do papel
cumprido pelas máquinas (que também se
traduzem em trabalho
humano).
14.
Pesquise
e faça um breve histórico sobre a transformação do movimento operário no Brasil
suas conquistas e retrocessos.
MOVIMENTO OPERÁRIO E SINDICALISMO
1. Origem
do Movimento Operário
* Condições
históricas criadas pela revolução industrial:
desapropriação no campo e na cidade, formação
do proletariado, degradantes condições de vida
e de trabalho.
* Luddismo: reconhece a máquina e o desenvolvimento
tecnológico como
o responsável por
suas condições
indignas.
* Cartismo: Movimento
que reunia as reivindicações operárias
na ‘Carta do Povo”
2. Manifesto
do Partido Comunista
(1848)
* Reconhecimento
da luta de classes
* Critica e superação da propriedade
privada
* Internacionalismo
revolucionário
3. Primeira
AlT (1864)
* Internacionalização da luta
operária
* Cisão entre
marxistas e anarquistas
4. Massacre
de 1° de maio de Chicago
* Luta
pela redução da jornada
(8h de trabalho, 8h de sono
e 8h de lazer)
* Dura
repressão policial
5. Comuna
de Paris (março de 1871)
* Primeira
experiência operária
a frente de uma cidade
* Não
instalaram uma ditadura do proletariado para resistir a contra
ofensiva burguesa.
* Resultou no massacre de 30 mil
communards
6. Segunda
Internacional (fundada em 1889)
* Moderados, Revisionistas e Radicais (Lenin e Rosa
Luxemburgo) compõe a Internacional.
* O grande
tema foi a participação dos trabalhadores na 1ª Guerra
Mundial, considerada pelos radicais como
uma guerra burguesa.
* É a Internacional chamada
de socialista, mas
com um
caráter claramente
social democrata.
7. Revolução
Russa (1917)
* Vitória boichevique sobre o czarismo e sobre
a burguesia, num país
de capitalismo atrasado.
* Taylorismo e a NEP como formas de recuperar a economia nacional
para o ingresso
no socialismo.
* Morte de Lenin (1924) e a disputa entre
as forças pelo
secretariado geral
leva o stalinismo ao poder.
* São negadas velhas bandeiras: internacionalismo
revolucionário, a destruição
da propriedade privada,
o fim do Estado,
etc.
8. As manifestações da juventude em 1968
* As causas da juventude estavam ligadas
à liberdade e ao prazer.
* Foram responsáveis por estimular o movimento operário no período.
* Movimento Estudantil, Movimento
feminista, Panteras
Negras, Hippie, Contra-cultura, Resistência à ditadura (Brasil), etc. foram importantes
exemplares das manifestações
de 1968.
Movimento Sindical no Brasil
1) A República Velha:
Anarco-sindicalismo e o PCB
* O assalariamento
trouxe junto consigo
a formação do anarco-sindicalismo,
influenciado fundamentalmente por imigrantes.
* O grande
marco da mobilização foi a Greve de 1917.
* A partir
de 1922 o movimento é hegemonizado pelo PCB de orientação
soviética, posteriormente
stalinista.
2) Vargas e o sindicalismo
* A CLT representou, em síntese, o avanço das conquistas dos trabalhadores
materializadas numa
legislação minimamente protetora
e, por outro
lado, todo
o esforço em
atrelar os movimentos
sindicais, transformando-os em pelegos.
Cidadania na era Vargas (1930-1945)
- Populismo
- Ampliação na legislação Social
- Constituição de 1934
* Voto Feminino //
Criação de um Salário Mínimo (adotado somente em 1940)
q Direitos Sociais
* Concessão do Estado
* Ideologia: Vargas,
auto-intitulado “Pai dos Pobres”
q
Direitos Políticos
*
Praticamente desapareceram, de 1937
a 1945
* Poder executivo é considerado o “órgão
supremo do Estado”
q
Direitos Civis
* Direito
atrelados ao Estado
* Greve:
considerada legal apenas se autorizado pela Justiça do Trabalho
* Sindicalismo
Pelego
3) Movimento
operário entre
os anos de 1945-64
* O período de “redemocratização” foi
permeado pelo crescimento
econômico e das luas
sociais.
* No campo, as Ligas Camponesas, e na cidade,
o CPC da UNE e o movimento operário.
4) Sindicalismo
e Ditadura
* A ditadura foi responsável, dentre
outras coisas, pela
retirada da estabilidade
do trabalhador e sua
substituição pelo
FGTS.
* Além disso, a repressão, sobretudo a partir de 1968, desmontou a resistência.
* A recuperação se deu ao final da década
de 1970, com a fundação
do PT e da CUT, em oposição
à ditadura, ao sindicalismo
pelego e ao stalisnismo.
* Direitos civis e políticos foram restringidos pela violência
- Repressão, Tortura,
assassinatos, exílio político
- Abertura Política
- Diretas Já (1984)
5) A década de 1980
* Esta foi importante por representar um período importante de redemocratização e crescimento
dos movimentos sociais,
responsáveis pelo
movimento das Diretas Já! e pelo grau de democratização da Constituinte
de 1988.
6) Impactos
da Globalização sobre
o movimento operário
e sua legislação
* A dinâmica do desemprego
traz medo e a redução dos filiados nos sindicatos.
* Somado a isto, o toyotismo
e a Queda do Muro
de Berlim levam o sindicalismo para uma postura defensiva, fazendo nascer o
sindicalismo de participação ou sindicalismo
de resultado, representado no Brasil pela Força
Sindical.
* Com o movimento
operário em
refluxo, os ataques à CLT ocorrem no sentido de flexibilizá-la, ou
seja, permitir que
acordos entre
as partes superem as conquistas estabelecidas em
lei.
15.
Qual a diferença
conceitual entre
racismo e etnocentrismo? Por que os cientistas
sociais e órgãos
internacionais entendem que tais práticas são inaceitáveis?
A idéia de raça depende do conceito biológico de
espécie, mais exatamente de herança genética, verificada em animais e plantas,
mas que se aplica de modo igual aos seres humanos, uma vez que os grupos
procuram, por exemplo, regular o acasalamento dos indivíduos e, de muitas
maneiras, selecionar os pais. Todos os seres humanos pertencem a uma só
espécie, Homo sapiens, no interior da qual existem, no entanto, diversas
variações (polimorfismo) em termos de cor, diferentes padrões ou
características físicas. Boa parte dos cientistas rejeita o conceito de raça, recusando-se
a admitir que, no caso da espécie humana, possa existir agrupamento, tipos
biológicos distintos, de acordo com uma classificação
baseada em diferenças transmitidas geneticamente. Na verdade, esses
cientistas estão preocupados com outra coisa, o racismo, antagonismo entre
grupos cujas diferenças polimórficas e de interação simbólica são extremamente
óbvias — diferenças que nos separam em termos de idioma (raça definida segundo
uma língua ancestral), nação (por exemplo, raça brasileira) e religião (por
exemplo, raça muçulmana), todas sem sentido do ponto de vista biológico, o que
não quer dizer todavia que sejam cientificamente inviáveis.
O racismo é, certamente, uma idéia moderna, que
congrega não apenas pervertidos e ignorantes mas também aristocratas — como o
conde Joseph-Arthur de Gobineau (1816-1882), cujo pensamento contribuiu para
sistematizar a ideologia racista. Esse nobre francês, diplomata que serviu no
Rio de Janeiro, achava que de todas as raças a branca era superior e, dentre o
grupos raciais brancos, os mais civilizados eram os povos de língua
indo-européia, os arianos. Superioridade, para ele, era sinônimo de “pureza”,
isenção de qualquer contato e influência da parte de negros ou amarelos —
principalmente do ponto de vista genético, pois a miscigenação acarretaria
perda de vitalidade e criatividade e aumento de corrupção e imoralidade.
Com Houston Chamberlain (1855-1927), um inglês
convencido de que as características físicas faziam dos alemães brancos, altos
e dolicocéfalos (crânio oval), o “tipo nórdico ideal” de “raça superior”,
Gobineau constituiu a base “científica” da doutrina de Adolf Hitler
(1889-1945). Esse político transformou o racismo em instrumento de poder, ao
instilar orgulho, confiança e espírito de sacrifício no povo alemão,
justificando escravização e aniquilação de outros povos, obtendo apoio para uma
guerra longa, total, onde os germânicos e seus aliados jamais deveriam ser
derrotados, graças à força da ideologia racista.
Toda cultura tem seus próprios padrões de comportamento,
os quais parecem estranhos às pessoas de outras formações culturais. As
culturas podem ser excessivamente difíceis de se compreender de fora. Não
podemos entender as práticas e as crenças separadamente das culturas mais
abrangentes de que fazem parte. Uma cultura tem que ser estudada em termos de
seus próprios significados e valores — uma suposição-chave da sociologia. Essa
idéia também é referida como relativismo cultural. Os sociólogos se esforçam
tanto quanto possível para evitar o etnocentrismo, que é a prática de julgar
outras culturas comparando-as com a nossa. O etnocentrismo é um subproduto
inevitável das diferenças culturais, com indivíduos que vêem como inferiores
aqueles símbolos culturais distintos dos seus. Esse etnocentrismo leva à
intolerância, e a intolerância, por sua vez, ao conflito e às tensões.
16.
Pesquise e identifique os processos de
preconceito e discriminação no Brasil:
a)
Gênero.
b)
“Raça”
/ Etnia.
c)
Classes.
Preconceito: conceito ou opinião fornada
antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos; julgamento ou
opinião formada sem levar em conta os fatos que o contestem. Trata-ser de um
pré-julgamento, isto é, algo já previamente julgado.
Discriminação: separar; distinguir; estabelecer
diferenças. A discriminação racial corresponde ao ato de apartar, separar,
segregar pessoas consideradas racialmente diferentes, partindo do princípio de
que existem raças “superiores” e “inferiores” - o que ficou definitivamente
comprovado pela Ciência que não existe.
Racismo: teoria que sustenta a
superioridade de certas raças em relação a outras, preconizando ou não a
segregação racial ou até mesmo a extinção de determinadas minorias.
De acordo com essas definições, o preconceito se
expressa na sociedade, mas não necessariamente segrega ou discrimina; já a
discriminação promove, baseada em certos preconceitos, a separação de grupos ou
pessoas. Por outro lado, o racismo mata, extermina, produz o ódio entre grupos
e indivíduos.
a) Gênero X Sexo
Em todas as sociedades, os homens categorizam-se
uns ao outros como masculino ou feminino; e com base nessa distinção as crenças
culturais e normas indicam quais status os homens e as mulheres deveriam ocupar
e como eles deveriam desempenhar os papéis associados com esses status. Tem havido
no curso da evolução humana enorme variação no que é definido como adequado aos
homens e às mulheres, um fato que indica que distinções entre os sexos são mais
socioculturais do que biológicas. Esse processo de definir culturalmente status
e papéis adequados para cada sexo é denominado de diferenciação de gênero; e
esse conceito deveria ser distinto da diferenciação sexual, que denota as
diferenças biológicas entre homens e mulheres. Em geral, os sociólogos usam o
termo “sexo” para referir às diferenças anatômicas e fisiológicas que definem
os corpos masculinos e feminino. Gênero, em contrapartida, diz respeito às
diferenças psicológicas, sociais e culturais entre homens e mulheres.
As diferenças de
gênero são raramente neutras – em quase todas as sociedades, o gênero é uma
forma de estratificação social. O gênero é um fator cricial na estruturação dos
tipos de oportunidades e de chances de vida enfrentadas pelos indivíduos e por
grupos, influenciando fortemente os papéis que eles desempenham dentro das
instituições sociais desde os serviços domésticos até o Estado. Os papéis dos
homens são, em geral, muito mais valorizados e recompensados que os papéis das
mulheres: em quase todas as culturas, as mulheres carregam a responsabilidade
principal de cuidar das crianças e do trabalho doméstico, enquanto os homens,
tradicionalmente, nascem com a responsabilidade de sustentar a família. A
preponderante divisão de trabalho entre os sexos levou homens e mulheres a
assumir posições desiguais em termos de poder, prestígio e riqueza.
Apesar dos avanços que as mulheres fizeram em
muitos países, as diferenças de gêneros continuam servindo de fundamento para
as desigualdades sociais. Investigar e solucionar a desigualdade de gênero
tornou-se uma preocupação central dos sociólogos. Muitas perspectivas teóricas
foram postuladas para explicar o duradouro domínio dos homens sobre as mulheres
— nos campos da economia, política, da família e em tantos outros.
b) “Raça” / Etnia
A raça pode ser entendida como um conjunto de
relações sociais que permitem situar os indivíduos e os grupos e determinar
vários atributos ou competências com base em aspectos biologicamente
fundamentados. As distinções raciais representam mais do que formas de
descrever as diferenças humanas — são também fatores importantes na reprodução
de padrões de poder e de desigualdade dentro da sociedade.
Enquanto a idéia de
raça implica, erroneamente, a noção de algo definitivo e biológico, o conceito
de “etnicidade” tem um significado puramente social. A etnicidade refere-se às
práticas e às visões culturais de determinada comunidade de pessoas que as
distinguem de outras. Os membros dos grupos étnicos consideram-se culturalmente
distintos de outros grupos da sociedade, e, em troca, são vistos dessa forma por
esses outros grupos. Diferentes características podem servir para distinguir um
grupo étnico do outro, mas as mais comuns são língua, história ou linhagem
(real ou imaginada), religião e estilos de roupas ou de adornos. As diferenças
étnicas são completamente aprendidas, um ponto que parece evidente até nos
lembrarmos de como é comum alguns grupos serem considerados “soberanos natos”
ou “preguiçosos”, “ignorantes” e assim por diante. Na verdade, não há nada de
inato na etnicidade; é um fenômeno puramente social, produzido e reproduzido ao
longo do tempo. Através da socialização, os jovens assimilam os estilos de
vida, as normas e as crenças de suas comunidades.
No Brasil presenciamos diversas formas de
racismo, preconceito e discriminação, basicamente contra os negros. Elas se
expressam nos índices estatísticos de escolaridade de jovens negros, que se
apresentam inferiores aos brancos; no nível de renda, em que negros recebem os
menores salários na mesma profissão em relação aos brancos; nos bairros pobres
onde moram, que são menos assistidos pelo Estado, ao contrário, por exemplo, de
bairros mais luxuosos, onde moram predominantemente brancos, etc. Quanto à
cultura e à religiosidade, aquelas de matriz africana, como o candomblé e a
umbanda, continuam sendo segregadas e discriminadas somente pelo fato de não
apresentarem uma origem ocidental, monoteísta e branca.
c) Classes
A estratificação social em classes é um tipo
baseado nas condições econômicas, manifestando-se morfologicamente no consumo
e, politicamente, ligado a estruturas de dominação.
Karl Marx. Tratando de classe
social, ele nos apresenta um conceito negativo: “Marx fez salientar que a
classe não é casta, nem estado,2 nem corporação, nem profissão, nem ofício, nem
categoria; que não se funda nem na fortuna, nem no salário, nem no nível ou
gênero de vida — embora possa repercutir em várias dessas características”
(Gurvitch, 1 960a:86).
Entre os indicadores das classes sociais
enumerados por Marx (e também pelos marxistas), citamos: condições econômicas,
a participação nos antagonismos sociais (luta pelo poder) e consciência de
classe.
Max Weber, por sua vez, afirma
que existe classe “quando: (1) certo número de homens tem em comum um
componente causal específico de suas oportunidades de existência, na medida em
que, (2) tal componente esteja representado exclusivamente por interesses
lucrativos e de posse de bens, (3) nas condições determinadas pelo mercado - de
bens ou de trabalho - (situação de classe)”.
“As situações de classe são funções das situações
de mercado: os proprietários que dispõem de bens visam ao lucro, enquanto os
não-proprietários, que não dispõem de bens, mas de serviços, visam aos bens que
não possuem. Enquanto os não-proprietários necessitam de bens que os
proprietários possuem, estes podem não querer trocá-los por serviços. Essa
situação de mercado, como a relação credor-devedor, onde se instaurou um
mercado de crédito, pode determinar a luta de classes”.
Enquanto para Marx a luta de classes é
inexorável, e por haver luta é que as classes se definem, para Weber, por haver
uma situação de mercado é que pode haver luta de classes. Essa luta identifica
grupos econômicos que objetivam a prevalência na dominação. E a interferência
que se estampa das condições estruturais econômicas na política.
Outro assim, enquanto as camadas mais baixas são
concitadas à consciência de classe, as camadas mais altas criam a consciência
grupal, sobretudo no usufruto do poder político em ato, definida como
industriais, banqueiros, comerciantes, religiosos, ruralistas, militares. Aliás
um grupo econômico inspira sentimento de “proteção” a seus pares quando
guindados ao poder executivo tanto no âmbito municipal e estadual quanto
federal.
“A camada mais alta, independente
economicamente, detém ainda o controle político ou dele é independente,
colocando-se por sobre as leis porque as elabora, julga-as, manda executá-las.
Aliás, a confusão entre burguesia e democracia nasceu com o fortalecimento do
próprio status entre os estamentos medievais. Acontece, porém, que, repelida em
suas pretensões, pela estrutura então vigente, converteu-se em estrato
dialético da inovação, apoiando-se nos outros citadinos como instrumentos de
sua pretensão. A existência de mobilidade vertical na sociedade de classes
determina o culto ao nível de aspiração ascendente. Essa aspiração transportada
para o sistema político promove o Estado burguês como Estado democrático, isto
é, as camadas mais baixas defendem a burguesia em nome da democracia” (Castro,
1999:161).
Cabe lembrar que o desenvolvimento da sociedade
de classes no Brasil esta relacionado com a consolidação de uma classe
proprietária, detentora da posse da terra e dos demais meios de produção. Em um
país fundamentalmente agrícola, essa classe apropriava-se com facilidade da maior
parte da riqueza produzida, já que exploração da mão de obra escrava. Apos a
abolição, esse cenário sofreu algumas reconfigurações, com a chegada dos
imigrantes, que ocuparam boa parte dos postos de trabalho assalariado. Mas a
hegemonia política e econômica na sociedade permaneceu nas mãos dos grandes
fazendeiros.
17.
Sobre a democracia moderna e as formas de
participação política:
a)
Conceitue
Democracia.
Divisão funcional
do poder político
— o poder político do Estado
não fica concentrado
num único órgão.
Ao contrário, apresenta-se dividido em vários órgãos, que se
agrupam em tomo
das seguintes funções típicas: função legislativa (elaboração
das leis); função
executiva
(execução das leis
pela administração
pública); função jurisdicional (aplicação
das leis e distribuição
da justiça). Nos
regimes democráticos,
deve existir independência e harmonia entre os poderes
legislativo, executivo
e judiciário;
Vigência do Estado
de direito — o poder político
é exercido dentro dos limites traçados pela
lei a todos
imposta. A lei,
assim, subordina tanto
o Estado como
a sociedade. A isso
se chama Estado de direito.
Onde vigora o Estado
de direito, o cidadão
respeita o Estado,
mas o Estado
também respeita
os direitos do cidadão,
como, por
exemplo, o direito
à liberdade de pensamento,
expressão, associação,
imprensa, locomoção
etc.
A forma
que a democracia
assume em determinado
contexto é, sobretudo um resultado de
como seus
valores e metas
são entendidos
e priorizados. A democracia é geralmente vista
como o sistema
político mais
capaz de assegurar
a igualdade política,
de proteger a liberdade
e os direitos, de defender
o interesse comum,
de satisfazer às necessidades
dos cidadãos, de promover
o autodesenvolvimento moral e de permitir uma tomada
de decisões eficaz
que leve
em consideração
os interesses de todos.
b)
Diferencie
o sistema político representativo de um autoritário e estabeleça a relação
entre Estado, sociedade civil e os partidos políticos.
Democracia representativa é um sistemas
políticos nos quais as decisões que afetam a comunidade não são tomadas pelo
conjunto de seus membros, mas pelas pessoas que eles elegeram para essa
finalidade. Na área do governo nacional, a democracia representativa assume a
forma de eleições para os Congressos, Parlamentos ou organismos nacionais
similares. A democracia representativa também existe em outros níveis nos quais
as decisões coletivas são tomadas, como nas províncias ou nos estados que estão
dentro de uma comunidade nacional global, nas cidades, nos condados, nos distritos
e em outras regiões. Muitas organizações de grande porte aproveitam a
democracia representativa na direção dos negócios, elegendo um pequeno comitê
executivo responsável pelas principais decisões.
Enquanto a democracia
estimula o envolvimento ativo dos cidadãos nas questões políticas, nos estados
autoritários a participação popular é repudiada ou severamente restringida.
Nessas sociedades, as necessidades e os interesses do Estado ganham prioridade
sobre os dos cidadãos comuns, e nenhum mecanismo legal de resistência ao
governo, ou para remover um líder do poder, é instituído.
c)
Diferencie
plebiscito de referendo. Cite pelo menos um exemplo de cada.
Além das eleições
regulares, existem outras formas institucionais (oficializadas pelo Estado) de
participação popular, são elas o plebiscito e o referendo. Seu uso tem destaque
na Europa do século XIX, à medida que o Estado Liberal, pressionado pelo
movimento operário e demais movimentos sociais, inicia um processo de
democratização. Contudo o uso diversificado destes artifícios fez com que a
conceituação se fizesse de forma superficial. Se buscarmos as modalidades de
plebiscitos e referendos utilizados nos últimos duzentos anos, veremos que até
mesmo a confusão dos significados foi realizada pelos diferentes Estados.
Para tornar mais
simples o entendimento, parte-se de que ambos são instrumentos constitucionais
que permitem ao poder público captar os anseios da coletividade que ele
representa. De certa forma, quebram o regime de democracia indireta ou
representativa e fazem a opinião popular decidir, sem intermediários, os
caminhos da sociedade. Nas duas situações abre-se um processo de debate
nacional acerca de uma questão de interesse geral e colhe-se da população sua
postura majoritária. De uma maneira geral, estes instrumentos servem para
aumentar a participação popular nas decisões públicas. No entanto, pode servir,
nas mãos de governos populistas, para legitimar também atos autoritários.
No caso específico do
plebiscito, a tradição histórica o leva a ouvir o pronunciamento popular antes
que uma ação concreta do Estado seja tomada sobre determinada temática. Ou
seja, em meio a um impasse, o Estado busca ouvir seu povo antes de optar por
alguma política pública. Na década de 1990, para ser mais preciso em 1993, no
Brasil, utilizou um plebiscito para a definição de forma (presidencialismo e
parlamentarismo) e regime (república e monarquia) de governo.
Por seu turno, o
referendo, pela mesma experiência histórica, diz respeito a um evento que
ratifica ou não uma ação governamental previamente tomada, o que quer dizer que
a população se posiciona sobre algo que o governo já fez, legitimando ou não
tal ação.
18. Sobre a emergência de novos atores sociais:
a)
Conceitue Movimentos sociais.
Por movimentos sociais entendemos um conjunto de
ações, oriundo do questionamento do Estado, pelo reconhecimento dos oprimidos,
reivindicando-lhes a participação como cidadãos capazes de manifestar as
próprias necessidades e exigir a correspondente satisfação.
Trata-se de empreendimentos coletivos que visam
a certos objetivos comuns por meio de uma ação coletiva fora dos canais
constitucionais da política. valorizando a ação direta, sem mediação de
partidos políticos.
Os movimentos sociais caracterizam-se por reunir
pessoas congregadas numa área determinada, que compartilham de experiências
comuns: a igualdade de situação e o sofrimento da injustiça.
b)
Qual o papel das ONG’S?
As organizações não governamentais são entidades
que “evocam o mundo da política, da militância, da cidadania, da modernidade”,
carregando, particularmente em seu início, um certo sentido “antigoverno” ou
mesmo de oposição ao Estado. Por outro lado, seriam também canais de
participação das classes médias na esfera pública, “exercendo funções de
tradução e reartículação de interesses e demandas dos setores populares nas
arenas institucionais de confronto e negociação dos conflitos sociais”. São
“entidades privadas, porém públicas”, prestadoras, entre outras funções, de
“serviços morais”, em que se destacam valores como “justiça, liberdade,
democracia, equilíbrio ecológico”, numa palavra, “cidadania em sentido amplo”.
19. Pesquise as principais pautas de reivindicações dos novos
movimentos sociais em busca de identidade e disserte sobre elas:
a) Negro.
b) Mulheres.
c) GLBTT.
d) Ambientalismo.
e) Antiglobalização.
a) Negro
Após a abolição, esperava-se a integração
completa dos afrodescendentes na sociedade. No entanto, a velha ordem racial
não desapareceu com o fim do trabalho escravo. Em vez disso, houve uma continuidade:
ela foi assimilada e integrada as novas estruturas sociais surgidas com o
desenvolvimento do trabalho livre. Segundo Florestan Fernandes, a “revolução
burguesa”, desencadeada com o fim da escravidão, beneficiou apenas alguns
segmentos da sociedade brasileira. Entre os mais favorecidos, encontrava-se a
porção “branca” da população.
Esse primeiro segmento, dos “brancos” de origem
européia, beneficiou-se de todas as transformações decorrentes do crescimento
econômico, do surto industrializante, do processo de urbanização e do
desenvolvimento de uma cultura citadina. O segundo, integrado pelos
afrodescendentes, permaneceu à margem da sociedade nacional, excluído em boa
medida de todas as benfeitorias que essas transformações engendraram.
b) Mulheres
Uma situação semelhante a do movimento negro era
compartilhada pelo movimento feminista. As mulheres viam se limitadas tanto em
relação aos seus direitos políticos — nas primeiras décadas do século XX, elas
ainda não haviam conquistado o direito de voto em numerosas sociedades
democráticas ocidentais -, quanto aos seus direitos sociais, já que eram
consideradas inferiores e a função social delas era limitada aos cuidados
domésticos com o espaço privado, o lar. A situação começou a mudar nas ultimas
décadas do século XIX, com as mobilizações femininas pelo direito de voto. No
Brasil, as mulheres votaram pela primeira vez em 1933, nas eleições para a
Assembléia Constituinte.
Direito ao
corpo
Na segunda metade do século XX, o movimento
feminista levantou novas bandeiras. O desenvolvimento de métodos contraceptivos
mais seguros, como a pílula, diminuiu os riscos de uma gravidez indesejada. O
resultado foi que as mulheres, casadas ou solteiras, passaram a ter uma vida
sexual mais ativa, o que derrubou por terra uma serie de padrões
comportamentais socialmente estabelecidos. O passo seguinte foi a afirmação do
direito ao próprio corpo: caberia a mulher decidir se queria continuar ou
interromper uma gestação. A legalização do aborto e sua realização nos
hospitais públicos tornaram-se reivindicações usuais nas manifestações
feministas.
Esfera
profissional
Paralelamente, o abandono do espaço privado e o
ingresso no mercado de trabalho levaram a mulher a buscar sua afirmação em uma
sociedade ainda dominada por valores patriarcais. Hoje. é possível observar uma
situação que, se não e igualitária, ao menos é marcada por avanços por parte do
movimento feminista. Entre eles estão o tratamento idealmente indiferenciado na
esfera profissional e a mudança da realidade familiar, com muitas mulheres
assumindo o papel ele chefes de casa.
c) GLBTT
O movimento LGBTT (lésbicas, gays, bissexuais,
travestis e transexuais), que se expandiu desde o final dos anos 1970. Ele
representou uma reação às perseguições sofridas pela população LGBTT, vitima do
preconceito e da hostilidade de grupos conservadores que não admitem opções
sexuais e comportamentais distintas daquelas que consideram “adequadas”.
Hoje, a maior aceitação dessa população expressa
a flexibilização dos hábitos sociais. Mas a nova a atitude também esta
relacionada ao aumento do poder aquisitivo do grupo, importante mercado
consumidor e sujeito social cada vez mais atuante.
d) Ambientalismo
Muito embora o ambientalismo não possua raízes
definidas, hoje é considerado como um movimento de cunho internacional com
representantes por todo o mundo, mostra de que tornou-se um movimento
organizado e consistente.
Assim, a despeito das
mais variadas formas de movimentos ambientalistas é possível apontar como
movimento organizado em prol do ambientalismo as ONG’s. Nesse caso, tem-se que
a existência das ONG’s como movimentos ambientalistas organizados representando
a sociedade civil tem sido bem aceito no contexto do ambientalismo, sobretudo
quando estão centradas nas mediações de caráter educacional, político, de
assessória técnica, prestação de serviços e apoio material e logístico, no
sentido de desencadear transformações micro e macro sociais, no que se refere
ao ambientalismo global.
e) Antiglobalização
O ambientalismo,
movimento ecológico ou movimento verde consiste em diferentes
correntes de pensamento de um movimento social,
que tem na defesa do meio ambiente sua principal preocupação, demandando medidas de
proteção ambiental, tais como medidas anti-poluição.
O ambientalismo não visa somente os problemas
ligados ao meio ambiente, mas também as atitudes a serem tomadas para uma
possível diminuição ou até mesmo solução desses problemas.
Considerando-o um movimento social, podem
inserir-se neste contexto, todas as instituições, agências, organizações-não-governamentais,
políticas
(como os Partidos Verdes), ativistas
independentes e outros, cuja atuação tenha por princípio a defesa do meio
ambiente seja através de manifestações sociais, projetos para a conservação
ecológica etc. O movimento por justiça ambiental
considera que os problemas ambientais ligam-se aos sociais.
Um ambientalista é alguém que acredita que o
meio ambiente, por ser a fonte de recursos
da humanidade,
deveria ter sua exploração de forma mais planejada a fim de não esgotar o planeta
para as gerações futuras.
Segundo os ambientalistas o consumo
desenfreado de matérias primas sem reposição, a poluição, o desmatamento,
entre outros estão consumindo todos os recursos do planeta e dentro de algumas décadas
tais recursos não estarão mais disponíveis.
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