Documentário que mostra como funciona o sistema capitalista de extração, produção,distribuição, consumo e tratamento de lixo. Mostra de maneira muito clara como todo o Sistema se baseia na exploração desde os recursos naturais até as pessoas. Como coisas são criadas para ir para o lixo (intencionalmente, o mais rápido possível). A verdadeira função dos governos e corporações que os apoiam, é criar uma Sociedade de Consumo a um rítmo acelerado.
Qual é o segredo da
mercadoria?
O mistério da mercadoria é
encobrir as características sociais do trabalho, ela pronta e acabada não deixa
passar a imagem de que é produto do trabalho humano. Adquirindo, então, um
caráter fantasmagórico.
Para
entender essa imagem é preciso compreender o que Marx chama de fetichismo da
mercadoria. Grosso modo, fetichismo da mercadoria seria o fato de as pessoas,
no sistema capitalista, se conhecerem e se relacionarem por intermédio das mercadorias.
A maioria
das pessoas com as quais nos relacionamos são parte do processo de circulação
das mercadorias. Podemos conhecer o fulano do açougue em frente, mas,
primeiramente, o conhecemos como vendedor da mercadoria carne. Lembramos do
sicrano da padaria da esquina, antes de tudo, como o vendedor de pão. Ou o
beltrano porteiro da escola. Quanto a nossos amigos, conhecemos muitos deles
porque vendem ou vendiam sua força de trabalho na mesma fábrica, banco, escola,
etc. em que vendemos ou vendíamos a nossa força de trabalho. Desse modo, se o
açougue fechar ou um colega for demitido, as chances de perdemos contatos com
quem tínhamos relações de amizade são grandes. Esta é a realidade social em que
vivemos, gostemos ou não.
A
mercadoria não exerce mas aquele papel de intermediadora na relações entre
seres humanos (pessoa-mercadoria-pessoa), agora ela ocupa os pólos
(mercadoria-pessoa-mercadoria). Veja como
isso se dá!!
Se chegar à casa de um amigo de
ônibus, meu valor é inferior ao de quem chega de BMW. Isso vale para a camisa
que visto ou o relógio que trago no pulso. Não sou eu, pessoa humana, que faço
uso do objeto. É o produto, revestido de fetiche, que me imprime valor,
aumentando a minha cotação no mercado das relações sociais. O que faria um Descartes
neoliberal proclamar: "Consumo, logo existo".
Se as
mercadorias é que são as ligações entre nós, são elas que estabelecem relações
entre si, em outras palavras, as mercadorias possuem vida social e não nós. É
essa inversão que Marx chama de Fetichismo.
O mecanismo
do fetichismo da mercadoria transforma as relações humanas em elos entre
coisas. Acontece que hoje são as próprias coisas, no caso os produtos, que se
referem a marcas e ganham identidade própria. Não basta tomar refrigerante, tem
que ser Coca-Cola, não basta fumar, tem que ser Marlboro, como não basta comer
hambúrguer, tem que ser McDonald's. Assim, a imagem torna-se a forma final da
mercadoria.
Como foi
citado por Frei Betto (frade dominicano que estudou Jornalismo, Antropologia,
Filosofia e Teologia) em artigo publicado no Jornal de Ciência e Fé em abril de
2001, ano 2, nº 29:
A
crítica do fetiche da mercadoria data de oito séculos antes de Cristo, conforme
este texto do profeta Isaías: “O carpinteiro mede a madeira, desenha a lápis
uma figura, trabalha-a com o formão e aplica-lhe o compasso. Faz a escultura
com medidas do corpo humano e com rosto de homem, para que essa imagem possa
estar num templo de cedro. O próprio escultor usa parte dessa madeira para
esquentar e assar seu pão; e também fabrica um deus e, diante dele se ajoelha e
faz uma oração dizendo: Salva-me, porque tu és o meu deus!” (44, 13-17).
Ao desaparecer o caráter útil dos
produtos do trabalho, também desaparece o caráter útil dos trabalhos neles
corporificados; desaparece, portanto, as diferentes formas de trabalho
concreto. As mercadorias, não mais se distinguem umas das outras pela sua
utilidade, mas se reduzem, todas, a uma única espécie de trabalho, o trabalho
humano abstrato (valor-de-troca).
Para Marx
não existem dois mundos diferentes: o da aparência e o da essência, como
anunciava Platão. Ao contrário, “aparência e essência são tratadas na sua forma
histórica como se compõem no mundo do capital”. Daí entende-se porque o
fetichismo não é uma ilusão, mas possui uma existência e uma influência real
sobre os indivíduos, determinando assim uma sociabilidade estranhada, uma
sociabilidade em que o valor de troca é a determinação das relações sociais.
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