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sexta-feira, 20 de julho de 2012

Tudo se Transforma em Mercadoria

Documentário que mostra como funciona o sistema capitalista de extração, produção,distribuição, consumo e tratamento de lixo. Mostra de maneira muito clara como todo o Sistema se baseia na exploração desde os recursos naturais até as pessoas. Como coisas são criadas para ir para o lixo (intencionalmente, o mais rápido possível). A verdadeira função dos governos e corporações que os apoiam, é criar uma Sociedade de Consumo a um rítmo acelerado.



Qual é o segredo da mercadoria?
O mistério da mercadoria é encobrir as características sociais do trabalho, ela pronta e acabada não deixa passar a imagem de que é produto do trabalho humano. Adquirindo, então, um caráter fantasmagórico.
            Para entender essa imagem é preciso compreender o que Marx chama de fetichismo da mercadoria. Grosso modo, fetichismo da mercadoria seria o fato de as pessoas, no sistema capitalista, se conhecerem e se relacionarem por intermédio das mercadorias.
            A maioria das pessoas com as quais nos relacionamos são parte do processo de circulação das mercadorias. Podemos conhecer o fulano do açougue em frente, mas, primeiramente, o conhecemos como vendedor da mercadoria carne. Lembramos do sicrano da padaria da esquina, antes de tudo, como o vendedor de pão. Ou o beltrano porteiro da escola. Quanto a nossos amigos, conhecemos muitos deles porque vendem ou vendiam sua força de trabalho na mesma fábrica, banco, escola, etc. em que vendemos ou vendíamos a nossa força de trabalho. Desse modo, se o açougue fechar ou um colega for demitido, as chances de perdemos contatos com quem tínhamos relações de amizade são grandes. Esta é a realidade social em que vivemos, gostemos ou não.
            A mercadoria não exerce mas aquele papel de intermediadora na relações entre seres humanos (pessoa-mercadoria-pessoa), agora ela ocupa os pólos (mercadoria-pessoa-mercadoria). Veja como isso se dá!!
Se chegar à casa de um amigo de ônibus, meu valor é inferior ao de quem chega de BMW. Isso vale para a camisa que visto ou o relógio que trago no pulso. Não sou eu, pessoa humana, que faço uso do objeto. É o produto, revestido de fetiche, que me imprime valor, aumentando a minha cotação no mercado das relações sociais. O que faria um Descartes neoliberal proclamar: "Consumo, logo existo".
            Se as mercadorias é que são as ligações entre nós, são elas que estabelecem relações entre si, em outras palavras, as mercadorias possuem vida social e não nós. É essa inversão que Marx chama de Fetichismo.
            O mecanismo do fetichismo da mercadoria transforma as relações humanas em elos entre coisas. Acontece que hoje são as próprias coisas, no caso os produtos, que se referem a marcas e ganham identidade própria. Não basta tomar refrigerante, tem que ser Coca-Cola, não basta fumar, tem que ser Marlboro, como não basta comer hambúrguer, tem que ser McDonald's. Assim, a imagem torna-se a forma final da mercadoria.
            Como foi citado por Frei Betto (frade dominicano que estudou Jornalismo, Antropologia, Filosofia e Teologia) em artigo publicado no Jornal de Ciência e Fé em abril de 2001, ano 2, nº 29:

A crítica do fetiche da mercadoria data de oito séculos antes de Cristo, conforme este texto do profeta Isaías: “O carpinteiro mede a madeira, desenha a lápis uma figura, trabalha-a com o formão e aplica-lhe o compasso. Faz a escultura com medidas do corpo humano e com rosto de homem, para que essa imagem possa estar num templo de cedro. O próprio escultor usa parte dessa madeira para esquentar e assar seu pão; e também fabrica um deus e, diante dele se ajoelha e faz uma oração dizendo: Salva-me, porque tu és o meu deus!” (44, 13-17).

Ao desaparecer o caráter útil dos produtos do trabalho, também desaparece o caráter útil dos trabalhos neles corporificados; desaparece, portanto, as diferentes formas de trabalho concreto. As mercadorias, não mais se distinguem umas das outras pela sua utilidade, mas se reduzem, todas, a uma única espécie de trabalho, o trabalho humano abstrato (valor-de-troca).
            Para Marx não existem dois mundos diferentes: o da aparência e o da essência, como anunciava Platão. Ao contrário, “aparência e essência são tratadas na sua forma histórica como se compõem no mundo do capital”. Daí entende-se porque o fetichismo não é uma ilusão, mas possui uma existência e uma influência real sobre os indivíduos, determinando assim uma sociabilidade estranhada, uma sociabilidade em que o valor de troca é a determinação das relações sociais.

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